quinta-feira, 12 de maio de 2011

Amamentação

Olá mamães,

Hoje quero falar sobre amamentação, mas acho bacana introduzir o tema falando um pouquinho da lactogênese propriamente dita, porque, pelo menos para mim, entender as alterações que ocorrem no nosso corpo torna todo o processo de amamentação ainda mais mágico.

LACTOGÊNESE

A Lactogênese, ou seja, o processo de formação do leite, é iniciada após o parto, com o aparecimento do colostro. O colostro é  aquele líquido fino, secretado em pequenas quantidades. Ele é rico em proteínas e lactose, mas pobre em gordura (diferente do "leite verdadeiro"). Cerca de 48 horas após o parto, as glândulas mamárias da mulher começam a secretar o "leite verdadeiro". Este é composto por:
1% de proteína (caseína, lactalbumina e lactoglobulina)
7% de lactose
4% de triacilgliceróis
88% de água, eletrólitos, oligoelementos, vitaminas lipossolúveis, complexo B e MAIS OUTROS 160 CONSTITUINTES (como hormônios maternos e substâncias que não são excretadas imediatamente, passando do sangue para o leite. É por isso que as mães devem ser informadas que, durante a amamentação, devem, por exemplo, continuar controlando o consumo de álcool e tabaco, pois álcool e nicotina são duas das substâncias que passam para o leite)!
Todos esses constituintes do "leite verdadeiro" correspondem a 70kcal/100ml para o bebê. Lembrando que a produção de leite varia de mãe para mãe. Inicialmente, a produção gira em torno de 550ml/dia, mas esta pode chegar até 2000ml/dia. É claro que, para a mãe, isso significa um grande gasto energético. É por isso que é importante que todas as mulheres que amamentam façam alimentações balanceadas. Mas o nosso organismo é tão "maravilindo", que, sabendo que a mamãe pode não ter tempo de se alimentar direito por ter que ficar bastante atenta ao seu bebê, faz com que, durante o período gestacional, a mãe armazene energia. E, também durante esse período, as elevadas concentrações de progesterona inibem a ação da prolactina de secretar leite, também diminuindo o gasto energético da mamãe e preparando-a para cuidar de seu bebê.
A lactogênese é dependente de dois hormônios: a prolactina, que eu já mencionei, que estimula síntese de lipídeos, lactose, caseína, etc; e a ocitocina, responsável pela ejeção do leite. Como eu havia dito, o leite verdadeiro só chega cerca de 48 horas após o parto, e isso acontece porque este é o tempo para que haja diminuição da progesterona (hormônio que inibe a ação da prolactina) e consequente aumento da prolactina (é justamente para estimular essa secreção, que muitos profissionais de saúde fazem o bebê mamar logo após o parto).
A prolactina, além da função de produzir leite, também é responsável pela inibição da libido, proporcionando que a mãe canalize toda sua atenção para quem, realmente, precisa dela.
A ocitocina promove a ejeção do leite através de sinais antecipatórios como choro do bebê e horário das mamadas (é por isso que, simplesmente ao se lembrar do seu filho, muitas mães que ainda amamentam já começam a ejetar leite). Ansiedade, dor e frio, são sinais que inibem a ejeção do leite.

Não são mágicas e lindas estas preparações nos corpos de nós, mães?
Todas (tirando raras exceções) as mães são aptas e estão com o corpo totalmente preparado para a amamentação. E todas essas alterações acontecem porque a amamentação é, realmente, importantíssima para o bebê.

AMAMENTAÇÃO



A amamentação é a melhor maneira de proporcionar o alimento ideal para o
crescimento saudável e o desenvolvimento dos recém-nascidos, além ter importantes implicações para a saúde materna.
A Organização Mundial de Saúde recomenda, para a população em geral, que os
bebês recebam leite materno exclusivo até o sexto mês de vida. Depois desse período, com o objetivo de suprir suas necessidades nutricionais, a criança deve começar a receber alimentação complementar segura e nutricionalmente adequada, juntamente com a amamentação, até os dois anos de idade - ou mais.
Para fazer com que as mães consigam amamentar exclusivamente, até os seis meses, a OMS e o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) recomendam:
1) iniciar a amamentação nas primeiras horas de vida da criança;
2) amamentação exclusiva, ou seja, o lactante recebe apenas leite materno, sem
nenhum outro alimento ou líquido (nada de água, chá ou outro tipo de leite);
3) que a amamentação aconteça sob demanda, ou seja, todas as vezes que criança quiser (apesar de a criança ainda não saber falar "mamãe, quero mamar", a mãe pode entender pelo tipo de choro ou ao ver seu filho fazendo sinais de que quer mamar, como chupar dedos ou abrir e fechar a boca), dia e noite;
4) não usar mamadeiras nem chupetas.
O leite materno é o alimento natural para os bebês. Ele é capaz de fornecer toda a energia e os nutrientes que o recém-nascido precisa em seus primeiros meses de vida fora da barriga, e continua fornecendo até mais da metade das necessidades infantis durante a segunda metade do primeiro ano, e até um terço durante o segundo ano de vida. Além de fornecer nutrientes, o leite materno promove o desenvolvimento sensor e cognitivo da criança, e é capaz de protegê-la contra doenças crônicas e infecciosas, pois leite contém linfócitos e anticorpos que ajudam o bebê a combater infecções.
A amamentação exclusiva reduz a mortalidade infantil por enfermidades comuns da infância, como diarréia e pneumonia, e ajuda na recuperação de enfermidades. Crianças alimentadas com leite materno normalmente dobram de peso do nascimento até os seis meses. O leite materno, além disso, é barato e não corre o
risco de ser contaminado com bactérias, como pode acontecer com as mamadeiras e leite em pó.
No entanto, em todo o mundo, poucas crianças são alimentadas exclusivamente com leite materno por mais de algumas semanas. Mesmo em sociedades onde a amamentação é a regra, as mães normalmente introduzem alimentação complementar ou líquidos muito cedo.Uma das razões mais comuns dadas pelas
mães, mundo afora, para justificar tal conduta, é a crença de que não terão leite suficiente ou que a qualidade do leite "deixa a desejar".
Embora seja um ato natural, a amamentação é também um comportamento aprendido. Amplas pesquisas já demonstraram que tanto as mães quanto profissionais de saúde e assistentes necessitam de encorajamento e apoio para manter práticas apropriadas de amamentação.
É por isso que, desde 1981, existem códigos e programas que incentivam o aleitamento materno, como o "Código Internacional para o Mercado de Substitutos do Leite Materno" (1981), "Hospital Amigo da Criança" (1992), e a "Estratégia Mundial para Alimentação do Lactante de da Criança Pequena" (2002).

Eu sei que "cada caso é um caso", e, assim como existem muitas mães que deixam de amamentar por falta de (busca do) conhecimento sobre o assunto, também existem aquelas que sofreram estresse no período de amamentação e, por conta disso, não conseguiram mais produzir/ejetar leite. Também existem bebês que não conseguem abocanhar direito o mamilo, fazendo com que a produção do leite vá diminuindo, ou ainda existem mães que se sentem desconfortáveis ao amamentar (afinal, a amamentação é um momento da mãe e do bebê, logo, os dois devem estar confortáveis com a situação). Não acho que uma mãe que amamenta é "mais mãe" que aquela que não amamenta, ou vice-versa. Cada uma das duas tem seus motivos para ter feito sua escolha. E seus motivos são sempre válidos. A única coisa que tenho certeza é que toda mãe deve ter (e, em geral, tem) seu "momento único" com seu filho, independente se este é amamentando, oferecendo mamadeira, massageando, brincando, cantando, ou fazendo qualquer outra coisa gostosa com ele. E esse "momento único" é só dos dois, independente se tem alguém vendo ou não, e não deve ser atrapalhado. Só estou postando este texto porque, ultimamente, tenho escutado muitos argumentos sem fundamentos sobre amamentação, e, por isso, achei legal compartilhar o pouquíssimo que sei com vocês.



Com carinho,

Mariana.

Ps.: Se vocês se interessaram sobre o que escrevi, podem saber mais sobre o assunto nos sites da OMS, da OPAS e do Ministério da Saúde:

http://www.who.int/en/
http://new.paho.org/bra/
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/defau

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